Costumeiramente pipocam notícias sobre roubos, furtos, tráfico, execuções cujo pano de fundo é algum dos principais aeroportos do país, levantando o debate sobre a necessidade de uma polícia aeroportuária própria.
Constitucionalmente, o policiamento aeroportuário compete à Polícia Federal, que exerce as funções de Polícia Marítima, Aérea e de Fronteiras.
Quadrilhas atuam em diversos aeroportos
Recentemente, quadrilhas são desarticuladas por envolvimento em crimes nos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Recife
Entre junho e julho de 2025, ações coordenadas das polícias Civil e Federal resultaram em prisões e apreensões ligadas a roubos, furtos e tráfico de drogas em três dos principais aeroportos do Brasil. As operações, realizadas em Guarulhos (SP), Campinas (SP) e Recife (PE), envolveram carga de alto valor, uso de drones pelo tráfico e funcionários terceirizados suspeitos.
No total, sete pessoas foram presas. Houve apreensão de uma carga de botox avaliada em R$ 7 milhões, 160 kg de pasta base de cocaína, joias, eletrônicos e veículos utilizados em crimes. Em todas as ocorrências, a atuação integrada das forças de segurança foi fundamental para a identificação dos autores e a preservação da cadeia logística aeroportuária.
No caso mais recente, ocorrido em 6 de julho, uma quadrilha fortemente armada roubou 87 caixas de toxina botulínica da marca AbbVie, no terminal de cargas do Aeroporto de Guarulhos. A carga, avaliada em R$ 7 milhões, foi transferida para um caminhão da quadrilha após o sequestro do motorista e do conferente.
Em Viracopos, no dia 12 de junho, um funcionário de uma empresa de remessas foi preso por furtar itens de alto valor, como relógios e joias, diretamente da carga destinada ao transporte.
No Recife, em 3 de junho, dois funcionários terceirizados da área de despacho do Aeroporto dos Guararapes foram presos por furtar celulares e notebook de encomendas postais. A ação foi identificada por câmeras internas e revista pessoal.
Além disso, entre os dias 11 e 12 de junho, o tráfico de drogas utilizou drones para interromper voos no Aeroporto de Guarulhos e facilitar a entrega de aproximadamente 160 kg de pasta base de cocaína. A operação clandestina causou o cancelamento e desvio de dezenas de voos comerciais.
Atuação de diversas instituições policiais

Guarulhos (SP): Polícia Civil de São Paulo, por meio da Divisão de Investigações sobre Furtos e Roubos de Veículos (Divecar), que localizou parte da carga roubada em um galpão frigorificado em Embu das Artes.
Viracopos (Campinas/SP): Polícia Civil, com apoio da segurança interna do aeroporto, realizou a prisão em flagrante do motorista responsável pelos desvios.
Recife (PE):Polícia Federal, com apoio da Infraero, prendeu os dois funcionários durante o turno, após denúncias e checagem do sistema de monitoramento.
Guarulhos (SP – caso dos drones): Polícia Federal abriu inquérito para investigar o uso de drones por uma organização criminosa ligada ao tráfico de drogas.
Crescente sofisticação de quadrilhas
As ocorrências demonstram a crescente sofisticação de quadrilhas que atuam em aeroportos brasileiros, incluindo uso de tecnologia e infiltração em empresas terceirizadas.
A Polícia Federal e os operadores aeroportuários reforçam que medidas de rastreabilidade, integração de sistemas e inteligência são fundamentais para coibir tais crimes.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), há mais de 2.400 aeródromos no país, sendo 65 internacionais. O foco da segurança precisa ser intensificado nos principais hubs logísticos, como Guarulhos, Viracopos, Galeão e Recife.
As ações demonstram a necessidade de constante atualização dos protocolos de vigilância, capacitação das equipes e articulação entre forças de segurança pública, empresas privadas e autoridades do setor aéreo.
Polícia aeroportuária própria e desvinculada da Polícia Federal
A crescente complexidade dos crimes em aeroportos brasileiros reacende o debate sobre a criação de uma polícia aeroportuária própria e desvinculada da Polícia Federal.
Atualmente responsável pela segurança em áreas restritas, a PF divide funções com órgãos privados e forças estaduais, o que fragiliza a vigilância em terminais estratégicos. Casos recentes de tráfico internacional, furtos de cargas e uso de drones por criminosos expõem lacunas operacionais.
Parece claro que uma força especializada, com treinamento contínuo e atuação exclusiva nos aeroportos, garantiria maior eficácia na prevenção, pronta resposta e integração com sistemas internacionais de aviação.
A medida também liberaria a PF para focar em investigações de maior complexidade. Países como Estados Unidos, Canadá e Alemanha já adotam modelos semelhantes com bons resultados.
QSL News: polícia em foco