Pessoa votando em urna eletrônica da Justiça Eleitoral, com destaque para o dedo pressionando a tecla "CONFIRMA" na cor verde. A imagem mostra o teclado numérico com identificação em braile.

Policiais fora das eleições

A proposta do novo Código Eleitoral, em discussão no Senado Federal, prevê mudanças que afetam diretamente profissionais da segurança pública. O recado do Poder Legislativo é claro: Policiais fora das eleições.

Quarentena

Entre os pontos mais polêmicos está a exigência de quarentena de dois anos para que policiais civis, militares, penais, agentes federais, guardas municipais, membros das Forças Armadas, do Judiciário e do Ministério Público possam concorrer a cargos eletivos.

A discussão ocorreu no último dia 20 de julho, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas a votação foi adiada para agosto, devido à falta de consenso. O relatório consolidado pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI) tem quase 900 artigos e só deve entrar em vigor nas eleições de 2028.

2021

O debate sobre o novo Código Eleitoral se arrasta desde 2021. A versão mais recente do relatório foi apresentada por Marcelo Castro e sofreu acréscimo de mais de 500 páginas de emendas, levando ao adiamento da votação. A matéria já havia sido retirada de pauta em 28 de maio e 11 de junho, e voltou a ser adiada no dia 20 de julho.

Sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal com parlamentares reunidos em plenário; senadores utilizam notebooks e participam de debate sobre projetos legislativos. Na mesa principal, membros da comissão acompanham a pauta com atenção.
Foto_CCJ Senado Divulgação

Entre os destaques, a nova proposta estabelece que profissionais da segurança pública deverão se afastar de seus cargos por dois anos antes de disputar eleições. Atualmente, o prazo exigido é de três ou seis meses, dependendo da função.

Mudança inviabiliza policiais na política

A nova exigência de quarentena de 2 anos para candidatos oriundos das forças de segurança pode dificultar ou inviabilizar a entrada desses profissionais na política. Hoje, muitos policiais e militares se candidataram com base nas regras atuais, e essa mudança criaria uma barreira inédita.

A proposta recebeu críticas severas de senadores, como Fabiano Contarato (PT-ES), delegado da Polícia Civil e ex-diretor-geral do Detran-ES. Para ele, a nova regra obriga policiais e membros do MP a “abrirem mão do sustento por dois anos para tentar uma vaga eletiva, sem garantia de eleição”, o que representaria um entrave injusto à participação política desses profissionais.

A medida afeta diretamente:

  • Policiais civis e federais
  • Policiais penais
  • Policiais militares
  • Bombeiros militares
  • Guardas civis municipais
  • Integrantes das Forças Armadas
  • Delegados
  • Peritos e agentes técnicos
  • Membros do Judiciário e Ministério Público

Outros pontos com reflexos na segurança pública

Além da quarentena, o texto do novo Código Eleitoral traz dispositivos que podem impactar o trabalho das instituições de segurança:

  1. Propaganda eleitoral digital e fake news
    O relatório prevê punições à divulgação de informações falsas durante o processo eleitoral. Embora o objetivo seja combater a desinformação, parlamentares como Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Rogério Marinho (PL-RN) alertam para o risco de censura prévia, inclusive em conteúdos produzidos por agentes públicos ou entidades de segurança.
  2. Transporte público gratuito no dia da eleição
    A proposta inclui uma cláusula que obriga estados e municípios a oferecerem transporte gratuito no dia da votação. A medida pode influenciar na segurança do pleito, demandando maior presença de efetivos nas ruas para monitoramento e organização do fluxo urbano.
  3. Cota de gênero obrigatória
    O relatório impõe a reserva de 20% das cadeiras nas Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas para mulheres, o que pode fomentar o surgimento de lideranças femininas na área de segurança, ainda com baixa representatividade.

Adiada para agosto

A discussão sobre o novo Código foi adiada para agosto, após o recesso parlamentar. Segundo o relator Marcelo Castro, o objetivo é buscar um texto mais consensual, embora seja praticamente certo que não haverá tempo hábil para aprová-lo antes do prazo eleitoral de 2026, o que empurraria sua validade para 2028.

Para ser aprovado, o novo código ainda precisa:

  • Ser votado pela CCJ do Senado
  • Passar pelo plenário do Senado
  • Seguir para análise e votação na Câmara dos Deputados

Impactos para os policiais

Caso aprovado, o novo Código Eleitoral terá impactos diretos na pretensão de policiais na política:

  • Redução no número de candidaturas de policiais e militares, por conta da quarentena;
  • Desestímulo à participação política de servidores da segurança, especialmente os que não podem se afastar do serviço sem perda de renda;
  • Necessidade de readequação de campanhas institucionais, principalmente diante de regras mais rígidas sobre propaganda e redes sociais;
  • Aumento da responsabilidade operacional durante eleições, com o fornecimento de transporte gratuito e possível ampliação da mobilização de efetivos.

A proposta ainda está em debate e pode sofrer alterações. No entanto, se mantidas as regras como estão, o cenário político para agentes da segurança pública pode mudar substancialmente a partir de 2028.

QSL News: polícia em foco.

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