O suicídio entre Policiais Militares: **Texto alternativo resumido:** Formatura da Polícia Militar com várias policiais femininas enfileiradas em posição de continência, usando uniforme bege e boina preta.

O suicídio entre Policiais Militares

Saúde Mental em Evidência: Por que o suicídio é a maior causa de morte entre policiais militares no Brasil.

Nos últimos anos, o que deveria ser uma exceção se tornou rotina alarmante: o suicídio passou a ser a principal causa de morte não natural entre policiais militares no Brasil. A cada dois dias, um agente tira a própria vida — um cenário que demanda atenção imediata das autoridades e da sociedade.

Números que não podem mais ser ignorados

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, em 2023, o número de suicídios entre policiais civis e militares da ativa cresceu 26,2 % em relação a 2022, ultrapassando o total de mortes decorrentes de confrontos durante o serviço ou fora dele. Especificamente na Polícia Militar, foram 110 suicídios em 2023, contra 107 mortes em confrontos Jornal USPRSM – Revista Sociedade Militarradardemocratico.com.br.

A situação é ainda mais crítica em estados específicos. Por exemplo, em São Paulo, houve um aumento de 63 % nos casos entre 2022 e 2023 — totalizando 31 suicídios em 2023 radardemocratico.com.br. No Rio Grande do Sul, os suicídios representam a principal causa de morte da tropa em quatro dos últimos cinco anos, com 49 casos entre 2018 e fevereiro de 2023 Brasil de Fato+1.

Segundo o ObservaDH, entre 2021 e 2023, os suicídios em agentes de segurança pública subiram 31,3 %, e em 2023, um policial militar morria por suicídio a cada três dias — com taxa de 24 casos por 100 mil PMs, o dobro da taxa geral de suicídio entre a população.

Policiais militares fardados do Batalhão de Choque participam de uma solenidade; todos usam boina preta e uniforme camuflado, alinhados em formação.
PMPA: Divulgação

Fatores que aumentam o risco

A origem dessa crise está enraizada em diferentes fatores que se retroalimentam:

  • Estresse ocupacional extremo: longas jornadas, escalas exaustivas, baixos salários e exposição constante à violência. Muitos policiais acumulam funções secundárias para complementar renda, sem tempo para descanso ou apoio emocional;
  • Cultura institucional rígida e tóxica: a identidade do policial muitas vezes é moldada como “combatente” e “super-herói”, o que dificulta admitir fraqueza, expressar vulnerabilidade ou buscar ajuda. Isso se reflete na dificuldade de falar sobre sofrimento mental dentro da corporação e na desconfiança em relação aos colegas e à própria estrutura — especialmente em situações de baixo escalão e pressão hierárquica (veja mais em Scielo).
  • Problemas de apoio institucional: em muitos estados, faltam psicólogos e psiquiatras na estrutura da PM, e a solicitação de ajuda pode ser vista como fraqueza ou risco à carreira.

Reações e iniciativas — mas os desafios persistem

A partir de relatórios como o do IPPES (Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio), que identificam mais de mil suicídios entre agentes de segurança entre 2018 e 2023, começou-se a romper o silêncio sobre o tema.

Iniciativas como a implantação de avaliações periódicas de saúde mental em todas as forças de segurança foram aprovadas por comissões da Câmara dos Deputados, com encaminhamento de policiais para apoio psicológico caso haja risco identificado (leia mais em Militares morrem mais por suicídio do que no próprio combate ao crime na RSM – Revista Sociedade Militar).

Alguns estados como São Paulo já possuem programas como o Sismen, voltado à saúde mental, prevenção do adoecimento e do suicídio, e cartilhas para que colegas identifiquem sinais de risco entre servidores. O Distrito Federal registrou 2.525 policiais afastados por doenças mentais em 2023, e oferece atendimento em regime 24 horas via Departamento de Saúde e Assistência ao Pessoal.

Olhar crítico e propostas urgentes

Enquanto algumas medidas começam a surgir, a magnitude da crise ainda exige mobilização real e efetiva:

  1. Criação de uma política nacional única de apoio psicológico, independente de hierarquia e com profissionais externos à corporação.
  2. Capacitação de liderança para lidar com sofrimento mental e assédio, criando um ambiente de confiança e acolhimento.
  3. Acesso universal e sigiloso ao atendimento psicológico, sem riscos profissionais ou constrangimento.
  4. Desmistificar a cultura do “super-herói” militar, promovendo a humanização da tropa.

O clamor por essas mudanças cresce entre membros da categoria, familiares e especialistas. O suicídio, antes invisível, agora clama por soluções estruturais — sob risco de ceifar mais vidas de quem deveria proteger.

QSL News: polícia em foco.

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