Grande irmão: Sala de monitoramento da Prefeitura de São Paulo, com agentes da GCM e técnicos acompanhando imagens em tempo real em vários monitores; ao fundo, painel eletrônico com a inscrição “Cidade de São Paulo – Central de Monitoramento Smart Sampa”.

Grande Irmão: 25 mil câmeras vigiam SP

São Paulo sob os olhos de 25 mil câmeras: segurança tecnológica ou vigilância massiva?

São Paulo inaugurou um ambicioso sistema de vigilância urbana – o Smart Sampa – composto por cerca de 25 mil câmeras, muitas autorizadas de uso privado, conectadas à rede pública.

Aproximadamente 25% das 25 mil câmeras em funcionamento na capital é de propriedade de empresas e estabelecimentos privados que aderiram de forma voluntária à rede municipal.

Sistema de videomonitoramento com múltiplas câmeras instalado sobre viatura da Polícia Militar do Paraná, equipado para vigilância e reconhecimento.
PMPR_Divulgação

Reconhecimento facial

 A tecnologia de reconhecimento facial é ativada somente quando o índice de similaridade ultrapassa 92 %, um filtro pensado para reduzir erros, segundo o prefeito Ricardo Nunes. Em pouco tempo, o Smart Sampa já havia capturado 1.044 foragidos, localizado 60 desaparecidos e realizado 2.289 prisões em flagrante — tudo isso, conforme o município, “sem um único erro” ou disparo armado.

O programa pretende atingir a marca de 40 mil equipamentos integrados ao sistema. A expansão tem como propósito central reforçar a segurança pública, garantindo respostas mais ágeis e eficientes diante de ocorrências como furtos, atos de vandalismo e casos de desaparecimento de pessoas.

Londres e Paris

Apresentado como a “menina dos olhos” da gestão municipal, o Smart Sampa se inspirou em modelos usados em Londres e Miami, e foi defendido como resposta necessária ao crime organizado e cotidiano violento que assombra os paulistanos — especialmente em uma megalópole marcada pelo domínio do PCC e assaltos frequentes.

Por outro lado, críticos — dentre eles a ONG Data Privacy Brasil — alertam que esse modelo de vigilância pode se transformar em um negócio lucrativo de dados privados, com graves repercussões em privacidade e liberdade individual. O risco inclui o reforço de viés algorítmico, especialmente contra grupos racializados que historicamente recebem tratamento desigual em sistemas de reconhecimento facial.

Aprovação da população

O debate segue: enquanto um lado aponta para a eficácia e popularidade técnica do sistema (com cerca de 89 % de aprovação pública (segundo a prefeitura de São Paulo), o outro insiste que a verdadeira questão é quem vigia o vigilante — e até que ponto os direitos civis permanecem protegidos sob tamanha vigilância.

LGPD

A prefeitura lega que cumpre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), mas entidades como o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) alegam que o projeto não é transparente e que chega mesmo a ser racista pois o reconhecimento facial aponta mais para pessoas negras. Veja mais em https://www.brasildefato.com.br/2025/06/05/tecnologia-de-reconhecimento-facial-em-sp-e-cara-e-racista-diz-pesquisador/.

Tribunal de Contas

Os questionamentos levaram a gestão a suspender o programa por cinco meses, até o ajuste do edital e a sua liberação pelo Tribunal de Contas do Município.

Debates

A implementação do Smart Sampa em São Paulo desperta debates importantes sobre os rumos da segurança pública e os impactos que a tecnologia pode trazer à sociedade. De um lado, especialistas e entidades de defesa dos direitos civis alertam para os riscos relacionados à privacidade e à liberdade individual.

Vigilância permanente

O monitoramento constante, ainda que com finalidade preventiva, pode gerar preocupações quanto ao uso de dados, possíveis abusos de autoridade e à criação de um ambiente de vigilância permanente, no qual o cidadão se sinta controlado em todos os seus movimentos. Esse é um ponto sensível e que exige atenção redobrada por parte do poder público, para que haja transparência, limites claros e fiscalização social.

Avanço no combate ao crime

Por outro lado, é inegável que os recursos oferecidos pelo Smart Sampa representam um avanço expressivo no combate ao crime e na proteção da população. A possibilidade de integrar milhares de câmeras e sensores em tempo real fortalece a capacidade de resposta das forças de segurança, permitindo uma atuação mais rápida e precisa diante de furtos, vandalismo, desaparecimentos ou situações de emergência.

Assim, a grande questão está no equilíbrio: como utilizar a inovação tecnológica para salvar vidas, reduzir a criminalidade e aumentar a sensação de segurança, sem abrir mão das garantias constitucionais que asseguram a cidadania. Se bem conduzido, o Smart Sampa pode se tornar não apenas um marco no uso da tecnologia contra o crime, mas também um exemplo de que segurança e direitos fundamentais podem andar juntos.

QSL News: polícia em foco.

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