Governo prepara Plano Real da Segurança: Prédio do Palácio do Planalto, sede da Presidência da República em Brasília, com céu azul e nuvens ao fundo.

Governo prepara Plano Real da Segurança

Plano Real da Segurança? Uma promessa de transformação em meio ao labirinto da ineficácia.

O governo Lula estaria preparando e em fase de esboço de um Plano Real da Segurança, com pretensões de retomar o controle das ruas por meio de um enfrentamento direto ao crime organizado — especialmente contra o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho — e uma série de proposições que prometem endurecer penas, restringir progressão de regime e criar novos órgãos federais.

Entre o simbolismo e a substância

A inspiração no “Plano Real” de 1994 — que estabilizou a economia brasileira — busca conferir peso histórico à iniciativa. Mas transformar o discurso em resultado concreto será o verdadeiro desafio. Ainda que existam dez planos de segurança anteriores — nove deles fracassados, com a PEC da Segurança patinando no Congresso — este seria o décimo primeiro a ocupar o palco político (veja mais em Poder360). Uma nova era ou apenas mais um ato retórico?

O que se propõe

A proposta oficial inclui:

  • A criação de um banco de dados unificado para mapear integrantes de facções.
  • Uma agência federal especializada no combate ao crime organizado;
  • Punições mais severas para membros e financiadores de facções, bem como para agentes públicos e empresas cúmplices;
  • Restrição à progressão de pena para detentos ligados a organizações criminosas.

Já a moribunda a PEC da Segurança Pública (PEC 18/2025) — busca:

  • Elevar o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) à condição constitucional;
  • Constitucionalizar os Fundos Nacional de Segurança Pública e o Fundo Penitenciário Nacional (FNSP e Funpen), com vedação ao contingenciamento;
  • Redefinir e ampliar poderes da Polícia Federal, transformando a PRF em Polícia Viária Federal (com atribuição sobre estradas, ferrovias e hidrovias);
  • Incluir as guardas municipais como órgãos de segurança pública autorizados ao policiamento ostensivo, com controle por ministrações independentes.
  • Instituir ouvidorias e corregedorias autônomas em todos os entes federativos

Ingredientes de centralização na PEC

O Governo Lula tem defendido que a proposta respeita a autonomia dos estados, mesmo ao expandir o papel do governo federal.

Domínio das facções: Grupo de homens armados, muitos com o rosto coberto por panos, exibindo fuzis e pistolas em área de mata, posando de forma ostensiva para a câmera.
Foto-Reprodução-Whatsapp

Mas especialistas alertam para riscos reais:

  • Perda de autonomia estadual? A imposição de diretrizes federais pode gerar atrito em federações concorrentes;
  • Militarização e foco na repressão? O discurso oficial prioriza endurecer penas e fortalecer o aparato punitivo, enquanto há pouca ênfase em prevenção, inteligência humanizada ou políticas sociais;
  • Recursos concentrados e desvios possíveis? Mesmo com fundos constitucionalizados, não há garantia de aplicação eficiente em estados mais vulneráveis ou sem estrutura eficiente.

Uma reforma necessária?

Defensores como o ex-ministro Raul Jungmann argumentam que o reforço federal é essencial para enfrentar o crime organizado de caráter interestadual — mas isso não dispensa aprimoramento local.

Precisamos mesmo de um Plano ou PEC?

O Plano Real da Segurança ainda incipiente mas parece evidente que o problema da segurança pública no Brasil reside menos na falta de planos ou PECs e mais na aplicação correta da lei e na postura ideológica da justiça.

O verdadeiro nó da segurança pública nacional não está na promulgação de novos planos ou PECs — está na aplicação efetiva da lei e na postura ideologizada de quem a interpreta. Um exemplo gritante: no Rio de Janeiro, um juiz soltou um criminoso com 86 passagens pela polícia, justificando que “a existência de anotações na folha penal não é pressuposto da prisão cautelar” e que “não se pode presumir que os acusados retornarão a delinquir” (veja em Gazeta do Povo).

O resultado? O suspeito foi liberado mesmo após cenas claras de invasão e furto captadas por câmeras, com medidas cautelares meramente simbólicas.

A justiça ideológica

Essa decisão reflete uma Justiça que se distancia da proteção da sociedade, transformando-se em palanque ideológico. A ideologia antipunitivista dos magistrados — influenciada por leituras críticas ao sistema penal como ferramenta “opressora” — cria brechas que estimulam a sensação de impunidade.

O que o país precisa, afinal, é de magistrados comprometidos com a aplicação rigorosa das leis e com a segurança dos cidadãos, e não com discursos que relativizam a realidade de quem sofre com o crime.

QSL News: polícia em foco.

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