Endurecimento penal: Foto do plenário do Senado Federal, em Brasília, com cadeiras e mesas organizadas, telões ligados e poucas pessoas presentes no ambiente.

Endurecimento penal ou fim da visão do criminoso como vítima?

Legislação Penal em Debate: Entre o Endurecimento das Leis e a Visão do Criminoso como Vítima.

86 registros

Nos últimos meses, episódios de grande repercussão nacional reacenderam o debate sobre a legislação penal brasileira e a forma como o Judiciário interpreta os crimes cometidos no país. O país está entre o Endurecimento penal ou fim da visão do criminoso como vítima. Em agosto de 2025, o caso de um criminoso com 86 registros policiais que foi colocado em liberdade por decisão judicial provocou forte indignação entre agentes de segurança e governadores.

A decisão expôs um conflito central: de um lado, cresce a pressão por leis mais rígidas; de outro, persiste uma corrente ideológica que encara o criminoso como resultado da exclusão social, priorizando medidas alternativas à prisão. Tudo em meio ao assolamento do país pelas facções criminosas.

Mudanças

Paralelamente, governadores e especialistas têm cobrado mudanças urgentes. Enquanto nomes como Ratinho Junior defendem autonomia estadual para ampliar o tempo de encarceramento de criminosos reincidentes, grupos alinhados a setores acadêmicos e parte do Judiciário relativizam a aplicação de penas severas, insistindo em interpretações que, na visão de policiais e gestores de segurança, fragilizam o combate à criminalidade.

Governadores

O movimento por endurecimento da legislação penal ganhou força em encontros de governadores e fóruns de segurança pública. Entre as principais propostas estão:

  • Aumento do tempo de prisão para reincidentes perigosos
  • Permissão para prisão baseada em “suspeita fundada”, ampliando a margem de atuação das forças policiais
  • Autonomia dos estados para legislar sobre medidas de encarceramento

Essas propostas buscam responder à escalada da violência urbana e à reincidência criminal. O argumento central é que o Brasil mantém uma legislação antiquada, elaborada em contextos sociais diferentes, incapaz de lidar com organizações criminosas modernas, facções armadas e delitos de grande impacto coletivo.

Endurecimento penal: Cinco governadores posam para foto em frente ao painel do COSUD (Consórcio de Integração Sul e Sudeste), segurando documento oficial durante evento.
Foto Ari DiasAEN

Risco social descartado

Por outro lado, casos como o do juiz que liberou o acusado com extensa ficha criminal revelam a força de uma interpretação garantista da lei, que prioriza a presunção de inocência e coloca em segundo plano o risco social que certos indivíduos representam.

Aumento da sensação de impunidade

As discussões não se limitam ao ambiente jurídico. Diversos estados pressionam o Congresso Nacional para revisar o Código Penal e a Lei de Execução Penal. Especialistas ouvidos por diferentes veículos ressaltam que, sem alterações estruturais, o ciclo de prisões seguidas de solturas continuará alimentando a sensação de impunidade.

As propostas em análise incluem:

  • Revisão das progressões de regime, limitando benefícios a reincidentes graves
  • Criação de instrumentos legais que reforcem a atuação das polícias em situações de flagrante
  • Redução da influência de interpretações ideológicas sobre decisões judiciais em crimes de alta periculosidade

Monitoramento

Embora o debate seja jurídico e político, a tecnologia também se insere no contexto. Governadores defendem o uso ampliado de monitoramento eletrônico para reduzir brechas legais. Isso inclui:

  • Torres de videomonitoramento integradas a centrais de comando
  • Drones e câmeras corporais para garantir transparência na atuação policial
  • Rastreamento de veículos e celulares de suspeitos reincidentes

A ideia é criar uma rede de evidências que reduza a margem para solturas baseadas em argumentos de “falta de provas” ou “fragilidade investigativa”.

Impacto para a segurança pública

A disputa entre endurecimento da lei e visão garantista tem impacto direto sobre a vida dos profissionais de segurança pública. Policiais civis, militares, federais, penais e guardas municipais convivem diariamente com criminosos reincidentes, muitas vezes liberados pouco tempo após serem detidos.

Segundo especialistas, essa contradição gera três efeitos graves:

  1. Desgaste psicológico e operacional das equipes policiais, que veem seu trabalho perder efetividade.
  2. Aumento da sensação de impunidade entre criminosos, estimulando novas práticas delitivas.
  3. Desconfiança social nas instituições, enfraquecendo o pacto de confiança entre Estado e sociedade.

Reincidência

Estudos apresentados em 2024 já apontavam que mais de 40% dos presos liberados em progressões de regime retornavam ao crime em até dois anos. A reincidência, somada a decisões judiciais que relativizam a gravidade de delitos, é vista pelos governadores como um fator determinante na manutenção dos índices de violência.

O erro está no Judiciário?

O debate sobre a legislação penal brasileira transcende questões técnicas: trata-se de uma disputa de visões sobre segurança pública e Justiça. Enquanto governadores e especialistas pedem urgência em reformas para dar efetividade ao trabalho policial, parte do Judiciário insiste em interpretações que colocam o criminoso no papel de vítima da sociedade.

Para os profissionais de segurança, o recado é claro: sem leis mais firmes e/ou decisões judiciais alinhadas à realidade da criminalidade, qualquer avanço operacional será limitado. A pressão por mudanças deve crescer, e os próximos anos podem marcar um ponto de virada no confronto entre teoria e prática no enfrentamento ao crime organizado e à violência urbana.

QSL News: polícia em foco.

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