Imagem mostra uma operação policial contra roubo de cargas. Um caminhão carregado está parado em frente a uma praça de pedágio da concessionária CCR SPVias, enquanto uma viatura da Polícia Militar, posicionada na via, realiza a abordagem. A cena reforça a presença policial em rodovias para combater crimes que afetam o transporte e a segurança viária. Em 2024, mais de 10 mil cargas foram roubadas

Em 2024, mais de 10 mil cargas foram roubadas

Roubos de carga superam 10 mil em 2024 e causam prejuízo bilionário — desafios para a repressão

27 ocorrências por dia

Em 2024, o Brasil registrou um total de 10.478 roubos de carga, segundo dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística). Esse número representa uma média alarmante de 27 ocorrências por dia, conforme o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp). O prejuízo estimado alcança R$ 1,2 bilhão, o que agrava os impactos econômicos e logísticos para o setor.

Prejuízos concentrados e rota crítica

A concentração dos roubos segue padrões geográficos claros. A região Sudeste responde por 83,6% dos prejuízos, com destaque para São Paulo (45,8%), Rio de Janeiro (25%) e Minas Gerais (12,1%). O Nordeste aparece em segundo lugar, com 11,7%, seguido do Sul (2%), Centro-Oeste (1,8%) e Norte (0,9%).

Evolução das ocorrências e valor roubado

Apesar dos números elevados, houve uma diminuição de 11% no volume de roubos entre 2023 e 2024, conforme dados da ANTT. No entanto, isso não se refletiu em redução nos prejuízos financeiros, que chegaram a R$ 1,217 bilhão — uma alta de 21% em relação ao ano anterior. Isso indica uma migração dos criminosos para cargas de maior valor agregado.

O impacto no setor

Empresas transportadoras vêm direcionando até 14% da receita para prevenção, investindo em rastreamento, escoltas armadas, blindagem, tecnologia e seguros robustos. Embora tais medidas reduzam riscos, a fragilidade das estradas e trechos urbanos vulneráveis continuam facilitando as ações criminosas.

Riscos por local e horário

Relatórios apontam que os horários mais críticos são madrugadas e noites, que concentram mais de 57% dos prejuízos. A distribuição por dias segue tendência parecida aos demais crimes, com destaque para segundas e quintas-feiras. As cargas mais visadas são as diversas e os gêneros alimentícios, respondendo por até 72,5% dos valores subtraídos.

Rodovias e trechos críticos

A BR-116, que liga São Paulo ao Rio, concentrou 12% dos prejuízos, acima dos 6% registrados em 2023. Autoridades alertam que a proximidade com os grandes centros facilita o escoamento das cargas roubadas. Dentre os centros urbanos, o Rio de Janeiro lidera em ocorrências, seguido pela capital paulista.

Medidas legislativas e regulamentares

A Lei 14.599/23 tornou obrigatória a contratação de três tipos de seguro: RCTR-C, RC-DC e RC-V, o que alterou a dinâmica de prevenção e cobertura do setor. Além disso, a Portaria ANTT nº 27/2025 prevê a suspensão do registro de transportadores que não comprovarem a contratação dos seguros de forma automatizada até março de 2026.

O que precisa avançar

Como destaca o presidente da NTC&Logística, “precisamos de uma ação coordenada entre todas as forças policiais e do endurecimento das leis para responsabilizar criminosos e receptadores”.

Especialistas afirmam que não basta investir em prevenção empresarial – é fundamental que o Estado atue com integração. Propõem-se unidades especializadas, patrulhamento agregado às principais rotas, penalidades mais severas e até suspensão de CNPJ de empresas envolvidas no comércio de cargas roubadas. A tecnologia, com inteligência artificial e sistemas preditivos, deve ser amplamente usada para antecipar e frustrar operações criminosas.

Principal ameaça

Os dados de 2024 reiteram que o roubo de carga é uma das principais ameaças ao setor logístico brasileiro — com impacto direto na economia, segurança e competitividade das empresas. Embora o número de ocorrências tenha caído, o aumento no valor roubado e o custo dos seguros exigem uma resposta mais robusta.

Para as forças policiais e gestores públicos, o desafio é claro: integrar ações, modernizar a repressão e fechar o cerco contra quadrilhas especializadas. A sociedade, por sua vez, sente o reflexo no bolso – e espera que essa pressão alavanque resultados concretos.

Atuação das polícias

Apesar do cenário desafiador, é importante reconhecer o esforço das forças policiais na repressão ao roubo de cargas em todo o país. Em 2024, diversas operações integradas entre Polícia Rodoviária Federal, Polícias Militares e Polícias Civis resultaram na prisão de quadrilhas especializadas e na recuperação de mercadorias avaliadas em milhões de reais. A ação conjunta tem se mostrado fundamental para enfraquecer as organizações criminosas, que frequentemente utilizam logística complexa e forte aparato bélico para atacar transportadores.

Polícia Rodoviária Federal

Um exemplo citado no relatório da NTC&Logística é o trabalho da PRF em rodovias federais estratégicas, onde a ampliação de barreiras de fiscalização e o uso de tecnologia de monitoramento permitiram reduzir ocorrências em pontos críticos. Já as Polícias Militares vêm reforçando o policiamento ostensivo em áreas urbanas, enquanto as Polícias Civis investem em investigações de longo prazo para identificar receptadores e desmantelar cadeias de comercialização.

Ciclo completo de polícia: A imagem mostra um grande contingente de policiais da PRF enfileirados em formação, usando uniformes azul-marinho e calças bege, com dois policiais de costas, em primeiro plano, supervisionando a tropa.
Foto FENAPRF Divulgação

Essas ações evidenciam que, mesmo diante de recursos limitados, as forças policiais conseguem impor perdas significativas ao crime organizado. O desafio agora é ampliar a integração entre estados e União, garantindo maior compartilhamento de informações e efetividade operacional, para transformar resultados pontuais em uma queda consistente e nacional dos índices de roubo de cargas.

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