Agente da Polícia Penal caminha por corredor interno, vestindo uniforme preto com os dizeres 'POLÍCIA PENAL' nas costas. PPTO: chefias renunciam em massa

PPTO: chefias tentaram renunciar em massa, em abril

Polícia Penal do Tocantins (PPTO) estava à beira do colapso em abril deste ano: sindicato da classe denunciou precariedade, abandono e flertou com a renúncia em massa de chefias

Falta de viaturas, combustível, superlotação e desvalorização dos policiais penais revelaram cenário crítico no sistema prisional tocantinense

Denúncia dos representantes

O sistema prisional do Tocantins voltou a ser notícia nacional em abril após o Sindicato dos Policiais Penais (SINDIPPEN-TO) denunciar publicamente as condições de trabalho vividas pela categoria.

A entidade afirmava que o cenário da Polícia Penal do Tocantins (PPTO) combinava falta de infraestrutura, abandono por parte do governo estadual e risco iminente de colapso institucional, com reflexos diretos na segurança pública e no controle do crime organizado.

Esta imagem mostra um grupo de policiais penais uniformizados, em pé na frente de um edifício com características arquitetônicas em arco.
Foto Zezinha Carvalho Governo do Tocantins

Diárias e combustível

Segundo o sindicato, problemas como a ausência de viaturas e combustível, o déficit de agentes femininas, a superlotação carcerária e o atraso no pagamento de diárias são apenas alguns dos sintomas de uma crise que se arrasta há anos.

60 chefias renunciariam

Chegou-se a cogitar a renúncia de cerca de 60 chefias de unidades prisionais, um movimento que evidenciava a insustentabilidade da gestão.

O Judiciário entendeu o ato como uma greve branca e chegou a emitir decisão contra o movimento.

Estrutura mínima, risco máximo

A denúncia revelava que em diversas unidades prisionais os policiais penais precisam improvisar para garantir o funcionamento básico. Sem viaturas, muitas escoltas de presos tinham sido canceladas ou feitas de forma precária, o que coloca em risco tanto os agentes quanto a sociedade.

Além disso, a falta de agentes femininas impede a adequada revista em presas, comprometendo a segurança e aumentando a vulnerabilidade das próprias servidoras. O déficit de efetivo é descrito como “assustador” pelo sindicato, que cobra do governo a realização de concurso público imediato.

Superlotação

Outro ponto de destaque era a superlotação carcerária, um problema crônico no Brasil, mas que no Tocantins atinge níveis alarmantes. Celas projetadas para comportar 8 presos chegam a abrigar 20, em condições insalubres e desumanas.

Para os policiais penais, isso significa trabalhar sob constante tensão, em ambientes hostis e com altíssimo risco de rebeliões. “Estamos sentados sobre uma bomba-relógio. A qualquer momento, pode explodir”, disse à época um dirigente sindical em entrevista recente.

Plano de carreira

O sindicato também criticou a política salarial e as indenizações oferecidas aos policiais penais. Uma verba indenizatória de R$ 800, paga a título de compensação, era vista como instável e insuficiente diante do risco e da carga de trabalho.

A categoria afirmou que a ausência de um plano de carreira estruturado, somada à falta de reconhecimento do governo, tem desestimulado os servidores. Muitos relataram exaustão psicológica, o que se reflete em afastamentos por motivo de saúde e, em casos extremos, no abandono de funções de liderança.

Risco de fortalecimento das facções

A crise da Polícia Penal não é um problema restrito às unidades prisionais: ela impacta diretamente a segurança pública do Tocantins. Sem controle efetivo dentro das cadeias, cresce o risco de fortalecimento das facções criminosas, que utilizam os presídios como base de comando para ações do lado de fora.

Enfraquecer a Polícia Penal significa abrir espaço para que o crime organizado dite as regras, ampliando a influência das facções no tráfico de drogas, em roubos e até mesmo em ataques coordenados.

Cobrança por soluções

O movimento encerrou devido às duas decisões judiciais. À época, o governo estadual se comprometeu com o reajuste de uma indenização pra carreira.

O SINDIPPEN cobrou concurso público imediato, investimento em estrutura e um plano emergencial de recomposição da categoria. Sem isso, o sindicato afirmava que o sistema prisional poderia entrar em colapso, comprometendo o controle do Estado sobre as unidades.

A situação vivenciada no Tocantins serve como alerta para todo o país. A negligência com a Polícia Penal fortalece o crime organizado e enfraquece a presença do Estado.

A Polícia Penal é a linha de frente no controle dos presídios — e ignorar sua situação é comprometer a própria ordem social.

Governo anuncia continuidade das tratativas


Entre as medidas definidas hoje, está o reajuste da indenização por sujeição ao trabalho penitenciário, que passará a ser de R$ 1.200 para os policiais penais em atividade nas unidades prisionais e de R$ 700 para aqueles lotados em setores administrativos.

Também foi estabelecido o aumento do valor do plantão extra, que sobe de R$ 282,16 para R$ 317,95 por turno de 12 horas.

Além dos ajustes imediatos, dois projetos estruturantes relacionados à categoria devem ser apreciados pela Assembleia Legislativa do Tocantins: o Estatuto da Polícia Penal e o Plano de Cargos, Carreiras e Subsídio (PCCS). O PCCS, a ser encaminhado pela Seciju, prevê a exigência de nível superior para ingresso na carreira e a ampliação do número de vagas, que passará de 1.039 para 1.365.


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