Policial militar da PMERJ patrulha área próxima à praia durante o dia, com viatura posicionada ao lado e banhistas ao fundo. A imagem mostra o policiamento ostensivo na orla do Rio de Janeiro, em cenário de grande movimento turístico e com presença de montanhas ao longe.

Polícia Militar do RJ: realidade e desafios

A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) foi criada oficialmente em 1809, ainda no período do Brasil Império.

Efetivo

Hoje, a Polícia Militar do RJ conta com cerca de 47 mil policiais militares, para uma população de cerca de 16 milhões habitantes (censo de 2022), o que dá uma média 2,9 policiais por mil habitantes. Esse número é um pouco maior que a média nacional (2 policiais/mil habitantes), segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

 Segundo dados publicados no jornal O Globo, há déficit de 17  mil policiais na corporação, o que caso consolidado em concursos públicos e efetivações levaria a uma média de 4 PMs por mil habitantes, números maiores que países desenvolvidos (os EUA, por exemplo, possuem uma média de 2,5 oficiais por mil habitantes).

Policiais militares do Rio de Janeiro posam entre dezenas de novas viaturas da PMERJ alinhadas em pátio aberto, durante cerimônia oficial de entrega dos veículos.
Foto: Divulgação PMERJ

Violência

Mas distante de alcançar esses números por restrições orçamentárias, a PMERJ vem ao longo do tempo convivendo com uma realidade que se assemelha à realidade de países e guerra.

Panorama da Violência no Rio de Janeiro (Atlas da Violência 2025), com dados gerais do ano-base de 2023

Foram registrados 4.292 homicídios registrados no estado — um aumento de 14,1% em relação a 2022 (3.762 casos).

A taxa de 24,3 homicídios por 100 mil habitantes, crescimento de 13,6% em relação ao ano anterior.

Enquanto o Rio aumentou os homicídios, o Brasil registrou queda de 2,3%, com taxa média de 21,2 por 100 mil habitantes.

O aumento no Rio de Janeiro vai na contramão da tendência nacional de queda na violência letal. Parte desse crescimento se deve à melhoria nos registros oficiais, que reduziu o número de homicídios ocultos (subnotificados).

Salário

A remuneração bruta média dos policiais militares no Brasil (todas as patentes, incluindo praças e oficiais) em todo o país é de R$ 8.628,87, com média líquida de R$ 6.139,07

No Rio de Janeiro, um Soldado em início de carreira percebe pouco mais de R$ 5.000,00 e um Tenente chega a receber cerca de R$ 11.000,00.

Mortes

No ano de 2024, a PMERJ teve um policial morto a cada dez dias, um recorde sem precedentes e com o agravo de que a maioria dos profissionais estava na folga durante o homicídio.

Corrupção

A PMERJ convive com seríssimas denúncias de corrupção, bem popularizadas no ideário brasileiro a partir de filmes como Tropa de Elite, que escancarou a realidade de conluio da polícia com o tráfico, o envolvimento em milícias e a participação efetiva do poder político em todo esse caos.

Em ex-sargento da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro denunciou, por intermédio da publicação do livro Oficiais do Crime, a corrupção institucional da PMERJ.

Segundo o ex-policial, a corrupção é estrutural e sistêmica, comandada por oficial do alto escalão da polícia. Desde a formação, o PM é exposta a uma cultura viciada montada com base em subornos, práticas abusivas e exploração de servidores da base.

O livro alerta que, sem ação institucional, a impunidade tende a perpetuar uma cultura de conivência entre adquirentes de poder e milicianos ou organizações criminosas infiltradas na corporação.

Desafios

A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) enfrenta uma série de desafios históricos e estruturais que impactam diretamente sua atuação, o bem-estar dos seus agentes e a segurança da população. Listamos a seguir, os principais pontos críticos e desafios da PMERJ:

1. Conflito entre policiamento ostensivo e guerra ao crime

 A PMERJ opera em um dos contextos mais violentos do Brasil, com forte presença de facções criminosas e milícias armadas.

A atuação da corporação frequentemente se mistura à lógica de combate bélico

2. salários abaixo da média nacional e defasagem na estrutura de carreira

 A progressão de carreira é lenta, com poucos incentivos estruturais.

3. Déficit de efetivo e más condições de trabalho

A PMERJ tem menos policiais do que o ideal para a população fluminense (cerca de 46 mil ativos para 16 milhões de habitantes).

4. Percepção negativa e baixa confiança da população

 Pesquisas apontam que a PMERJ é uma das instituições com menor grau de confiança pública no Brasil.

5. Corrupção e infiltração criminosa

 Investigações, livros e denúncias de ex-PMs indicam que oficiais do alto escalão estariam envolvidos em esquemas com milícias e tráfico.

6. Saúde mental e estresse psicológico

A rotina de risco, somada à pressão institucional e ao baixo apoio psicológico, leva a altos índices de Síndrome de Burnout e  Suicídio entre policiais, além de afastamentos por transtornos emocionais

É indubitável que a PMERJ está no centro de um dos cenários mais complexos de segurança pública do mundo. O enfrentamento desses desafios exige reformas estruturais, valorização da tropa, combate firme à corrupção interna, ampliação do policiamento de proximidade e modernização tecnológica e de inteligência.

QSL News: polícia em foco.

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